domingo, 3 de abril de 2011

BRASIL - ISRAEL - FORÇAS ARMADAS - I

BRASIL – ISRAEL – FORÇAS ARMADAS - I


Laerte Braga


Pimenta da Veiga é filho de João Pimenta da Veiga, um ex-deputado estadual por várias legislaturas em Minas Gerais. É produto, como se costuma dizer em Minas, da cama feita pelo pai. Vive hoje o ostracismo que cedo ou tarde acomete políticos vazios e inconseqüentes como ele. O que não significa que tenha sido mero figurante no processo político brasileiro nos anos FHC. Num dado momento chegou a dar a impressão que decolaria em vôo próprio, mas foi só impressão.

Em 1987, no processo de discussão e elaboração da Carta Constitucional do Brasil (promulgada em 1988), Pimenta da Veiga estava recolhendo assinaturas para propor emenda que tornasse obrigatória a divulgação dos documentos considerados secretos de todos os governos, em todas as instâncias, com a justificativa que os cidadãos tinham o direito de ter o conhecimento dos fatos de governo, mesmo aqueles que, em determinado momento, por várias razões, exigissem sigilo, ou o caráter de confidencial. O prazo que a emenda estabelecia para a divulgação era de vinte e cinco anos.

No documento que elaborou o deputado Pimenta da Veiga usou como exemplo a legislação dos Estados Unidos que classifica os documentos secretos de governo por um critério de maior ou menor risco para o país. Um exemplo clássico disso foi a reportagem de Marcos Corrêa no extinto JORNAL DO BRASIL, revelando a partir de documentos secretos liberados por força de lei nos EUA e que mostraram o controle que os norte-americanos exerciam sobre os militares brasileiros – falo dos militares golpistas – que derrubaram o governo de João Goulart.

Foi o trabalho de Marcos Corrêa (foi editor do JORNAL DO BRASIL, de VEJA e trabalhou em importantes publicações da mídia brasileira) que revelou a presença da IV FROTA dos EUA em águas territoriais brasileiras para intervir no Pais caso os militares locais – comandados pelo general norte-americano Vernon Walthers – não conseguissem cumprir a missão – derrubar Goulart.

Ou a resistência fosse de tal ordem que mergulhasse o País numa guerra civil.

O deputado Pimenta da Veiga, num dos corredores do Congresso, abordou o deputado Amaral Neto, de extrema-direita e um dos principais agentes do golpe de 1964, solicitando sua assinatura na proposta de emenda.

Amaral Neto leu o documento, devolveu-o a Pimenta da Veiga e disse que não assinaria, que aquilo era coisa de louco, “certos fatos o povo não pode e nem deve saber”.

Pimenta, sem graça com a resposta, disse a Amaral Neto o seguinte – “pode assinar sem susto, não vai passar, é só para fazer média”.

Quando se fala em presidente agente de governo estrangeiro, o que pode parecer exagero na critica, ou crítica descabeçada, é a mais pura verdade.

O que é o general que governa o Paquistão, onde os EUA mantêm importantes bases para a guerra do Afeganistão? Um general supostamente paquistanês, nasceu no país, recebe o soldo de sua patente e a gratificação dos norte-americanos para reprimir os que são contrários à política imperial de Washington, manter abertos os canais de serviços de inteligência ao “aliado” e conta com os olhos fechados dos “amigos” para meter a mão nas verbas de “construção e reconstrução do país”. É um cidadão paquistanês que trabalha para os EUA e torna seu país na prática uma colônia.

O que é Pepe Lobo, presidente eleito de Honduras depois de um golpe de estado, uma farsa montada em Washington e todo o aparelho repressivo no país prendendo, torturando e assassinando hondurenhos que desejam uma Assembléia Nacional Constituinte, eleições livres com participação de todos os partidos políticos?

Uma infinidade de governantes assim. Ou a ação na Líbia a pretexto de ajudar rebeldes e controlar o petróleo, como foi no Iraque?

Os ditadores brasileiros não fugiram à regra, nem mesmo o general Ernesto Geisel cuja história militar sempre mostrou um acendrado antiamericanismo que terminou nas intermináveis conversas que tinha com seu ministro Mário Henrique Simonsen, o homem de Washington em seu governo (Golbery também).

Por trás de todas essas pequenas, mas ilustrativas historinhas existe uma gama de interesses sem tamanho do ponto de vista político, econômico e militar que se fundem, se completam, no mundo conturbado, brutal e violento de hoje, onde a globalização chamada de “nova ordem econômica” não é outra coisa senão “globalitarização” (definição do geógrafo brasileiro Milton Santos), ou seja, o grande império terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A imposto pelas armas, pela barbárie.

Não é assunto para chapas brancas entenderem, transcende a isso, exige pelo menos massa cefálica.

Mas o que o Brasil tem a ver com isso?

Nossas forças armadas em sua esmagadora maioria a partir do ministro da Defesa Nelson Jobim são inteiramente subordinadas a esses interesses e não são necessariamente forças armadas brasileiras. Qualquer outra coisa, mas forças armadas brasileiras certamente não são.

Vamos ver isso tim por tim e muito bem documentado nessa série de artigos.

Há uma coisa simples que se costuma dizer. A violência choca a todos, mas você a esquece um ou dois minutos depois, exceto se ela acontece contra você, ou alguém próximo.

Sem que você perceba ou sinta, a violência atinge diretamente cada brasileiro no processo político, econômico e militar que vivemos.

As relações militares entre o Brasil e Israel, por exemplo.

Quantos brasileiros têm conhecimento do aumento constante, consentido e deliberado da presença de Israel em situações chaves e de extrema importância para a real segurança nacional (soberania e integridade do território nacional) junto a “nossas” forças armadas?

Que se estende para além do campo militar, pois é parte de um projeto de dominação, de controle e que chega ao Judiciário, outro exemplo.

O presidente do STJ – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – o que deu um chilique num caixa eletrônico em Brasília às vésperas das festas de fim de ano, e demitiu um estagiário que apenas aguardava a sua vez de chegar ao referido caixa e realizar a operação que pretendia.

“Sou Ari Pargendler, presidente do STJ. Você está demitido.” Isso, num acesso de fúria, semelhante aos que soldados terroristas de Israel têm em relação a palestinos, quando prendem, estupram, torturam, matam e ocupam terras palestinas.

Pargendler é judeu sionista (diferente de ser judeu) e há dias foi homenageado pela colônia judia em Porto Alegre. Uma ponta festiva do papel que cumpre em sua área. Um reconhecimento dos “serviços prestados à causa”.

O acordo entre o Judiciário brasileiro e o Banco Mundial (o que uma coisa tem a ver com a outra?) sacramenta o compromisso de submissão a interesses de empresas estrangeiras e suas propriedades no Brasil e foi assinado por essa figura.

É a invasão lenta, mas constante com a cumplicidade dos comandantes militares brasileiros e que faz de nosso País, mesmo que o governo não queira (considerando que as forças armadas continuam à margem da lei, impunes pelos crimes cometidos durante e na vigência do golpe de 1964), como se fossem um estamento, ou seja, uma parte separada do Brasil a decidir sobre o Brasil em nome do “patriotismo”.

É para acordar e ler todos os dias – “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas” – Samuel Johnson, pensador e parlamentar inglês. E apenas para eliminar “suspeitas”, anticomunista.

Em 2003 as forças armadas brasileiras abriram um escritório em Tel Aviv – capital de Israel – As finalidades ou objetivos dessa decisão nunca foram explicadas, mas pode-se deduzir que para cooperação econômica, treinamento e intercâmbio de informações.

Um acordo de cooperação na área de segurança com Israel foi assinado recentemente, fato revelado pelo jornal israelense (nossa mídia é comprada não toca nisso, nossos principais jornalistas, o das grandes redes são informantes do Departamento de Estado) MAARIV. O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak e o chefe de Segurança do Ministério da Defesa Amir Kain assinaram o acordo de cooperação de segurança entre os dois países no final de novembro de 2010. Pelo lado brasileiro o acordo foi assinado pelo ministro da Agência Brasileira de Inteligência.

No artigo sobre o assunto o jornal destaca – “um mercado avaliado em bilhões de dólares se abriu para as indústrias de defesa, após um primeiro acordo desse tipo ser assinado para cooperação entre Brasil e Israel.

O mesmo artigo no mesmo jornal israelense acrescenta que: "Um mercado avaliado em bilhões de dólares se abriu para as indústrias de defesa, após um primeiro acordo desse tipo ser assinado para a cooperação entre Brasil e Israel. Já existem várias ofertas gigantes entre Israel- Aerospace Industries (IAI), Elbit e Rafael com o Brasil. [...] Sem esse acordo, que é semelhante aos acordos que Israel assinou com vários outros países, não seria possível realizar os negócios, que estão em um alto nível de classificação de segurança."

Uma série de aquisições de empresas brasileiras por empresas israelenses e contratos com Israel foram e continuam a ser a conseqüência desse acordo nesse início de 2011.

Um acordo estratégico de extrema importância para a integridade territorial do Brasil, sua soberania e a capacidade das forças armadas “brasileiras” de cumprir o seu papel, para além de golpes de estado e jogos de proteger torturadores e assassinos foi assinado sem qualquer discussão, ou conhecimento dos brasileiros.

http://coteret.com/2010/12/02/maariv-%E2%80%9Cexclusive%E2%80%9D-israel-and-brazil-sign-major-security-cooperation-agreement/

No final de seu governo o ex-presidente Lula reconheceu o estado palestino a partir das fronteiras definidas em 1967, a rigor antes até.

Temos dois brasis? Um o definido pelo presidente da República e outro pelos comandantes militares?

O Congresso? A exceção de uns cinco por cento de deputados e senadores, o resto está preocupado com lista fechada e outras discussões que possam garantir a eternização de oligarquias como a de Sarney, figuras patéticas como Itamar Franco (quase prefeito de Aracaju) e trazer de voltas outras figuras sinistras montadas em consultoria e enriquecendo com as portas abertas para a corrupção. É lógico que esse tipo de acordo favorece a essa prática.

(continua)

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