sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

FOI O MOSSAD QUE MATOU O CIENTISTA NO IRÃ?

Serei sempre contra o autoritarismo, em todo e qualquer país.
Considerarei sempre os estados teocráticos um medievalismo sem lugar no século 21.

Lutarei sempre contra aberrações como a execução de uma mulher apenas e tão somente por ser adúltera (o resto, no caso de Sakineh Ashtiani, foram invencionices acrescentadas depois que o mundo inteiro condenou a sentença bestial).
São princípios dos quais jamais abrirei mão, pois os tenho como indissociáveis de minha opção revolucionária.

Mas, não sou maniqueísta --até porque ninguém que leu e absorveu os clássicos do marxismo o pode ser.

Então, coloco-me inteiramente ao lado do Irã quando ameaçado ou atingido pela imposição da  lei do mais forte  nas relações internacionais.

Como, desde meados do século passado, Israel vem sendo o pior estado transgressor das normas civilizadas e aquele que mais vezes teve suas práticas repudiadas pela ONU --só se salvando de punições concretas graças aos vetos estadunidenses no Conselho de Segurança--, não faz nenhum sentido impedir-se o Irã de ter a bomba atômica, já que os desequilibrados israelenses a possuem.
Que confiança merecem quem foi capaz de desencadear um genocídio tão escabroso quanto o da faixa (gueto?) de Gaza, na virada de 2008 para 2009? E de lançar ataque pirata contra uma embarcação de auxílio humanitário, assassinando pacifistas? E de, em 1975, oferecer petardos nucleares ao execrável regime do apartheid sul-africano?
Desarmamento, sim. Unilateral, não. Fanáticos por fanáticos, o arsenal nuclear de Israel representa perigo tão grande para a humanidade quanto o que alegadamente o Irã estaria tentando criar. É, sem sombra de dúvida, a primeira nação em qualquer relação honesta das que precisam ser desarmadas, pois se trata da que massacra sistematicamente os vizinhos.

O genocídio de Gaza jamais será esquecido
Quanto aos assassinatos de cientistas e técnicos que tocam o programa nuclear iraniano, merece o meu mais veemente repúdio.
Tudo leva a crer que o culpado seja mesmo o mordomo. A tradição israelense de desrespeito à soberania alheia vem de muito longe --quem não se lembra, p. ex., do ultrajante sequestro de Adolf Eichmann na Argentina, em 1960? Ou da Operação Entebbe, em 1976?
É um estado que prima por agir, na vida real, como a  Spectre  das fantasias de James Bond. E, pior, seu serviço secreto (o Mossad) é muito mais eficiente do que a CIA na implementação dessas ações piratas.
Então, são mais do que justificadas as suspeitas de que provenha de Israel o atentado que matou, na última 4ª feira (11), o cientista Mostafa Ahmadi-Roshan, o quinto funcionário importante do programa nuclear iraniano assassinado desde 2007.
Além das matanças seletivas, direcionadas contra alvos específicos, houve também a carnificina indiscriminada na instalação nuclear de Isfahan, explosão cujo saldo foi um general e 16 pessoas dizimadas, em novembro último.
Já se passaram alguns anos desde que qualifiquei Israel de IV Reich. Infelizmente, continua fazendo por merecer a  láurea.

Quanto ao Irã, tem minha total solidariedade com relação a tais atentados terroristas, o que não me impedirá de continuar repudiando incisivamente suas violações de direitos humanos e direitos civis. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Em ambos os casos sigo meus princípios, que não distinguem países e regimes, aplicando-se a qualquer um que incorra em práticas condenáveis. Não há nenhuma justificativa admissível para a barbárie e revolucionários de verdade jamais devem  aliviar   para os que nela incidam.

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