sábado, 2 de abril de 2011

OLAVO, EREMIAS, JUAREZ E OS OUTROS MÁRTIRES NOS LEGARAM UMA MISSÃO

No dia da mentira, fui chamado a dizer algumas palavras sobre a grande mentira que impingiram ao povo brasileiro há 47 anos.

O ato teve lugar na sede da Apeoesp, no centro velho de São Paulo.

Os companheiros da Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional convidaram expoentes de várias tendências da esquerda, adotando uma postura ecumênica que sempre me agradou.

Somos pessoas empenhadas em mudar o mundo e é natural que façamos o possível e o impossível para unirmos nossas forças, em nome dos objetivos comuns; quem compete encarniçadamente pelo  mercado  são os burgueses e pequenos-burgueses...
Olavo:  suicidado

Foi gratificante ouvir a companheira Criméia Almeida -- que era dirigente do PCdoB no tempo da Guerrilha do Araguaia, mas estava fora da área quando a repressão foi desencadeada e não conseguiu reentrar, o que lhe salvou a vida -- relatar sua luta incansável para levar os carrascos da ditadura aos tribunais, culminando com a sentença favorável do tribunal da OEA.

Falaram também o sociólogo Chico de Oliveira; Claudionor Brandão, dirigente sindical dos funcionários da USP que o governo tucano, arbitrariamente, demitiu da universidade; o professor Márcio Barbio e o ex-preso político Gilson Dantas, entre outros.

Dantas fez uma tocante evocação do mártir trotskista Olavo Hanssen, preso ao distribuir panfletos no 1º de maio de 1970 e torturado com a betialidade habitual.

Os Torquemadas da ditadura encaminharam-no para o Hospital Militar com os rins em frangalhos, mas não resistiu.
Eremias: desfigurado

Depois, montaram um cenário de suicídio, devidamente avalizado por médico infame, que deu como  causa mortis a ingestão de inseticida (nunca deixado ao alcance de presos políticos em lugar nenhum!), desconsiderando as inconfundíveis marcas das sevícias.

Por minha vez, destaquei o exemplo de companheiros como Eremias Delizoicov (morto e desfigurado por 35 disparos aos 18 anos de idade) e Juarez Guimarães de Brito (professor que abandonou uma posição consolidada no meio acadêmico para ensinar uma lição muito mais necessária a seus discípulos) e enfatizei a necessidade de continuarmos lutando para concretizar os objetivos pelos quais sacrificaram a vida.

Foi reconfortante ver o auditório lotado de jovens, incluindo uma delegação de operários e estudantes da cidade de Franca (SP)..
Juarez: sacrifício extremo

Pois é deles que dependerá a continuidade de nossos esforços para a construção de uma sociedade que concretize os ideais supremos da humanidade: a liberdade e a justiça social

E eu saí de lá com a mesma sensação de quando visitei a primeira ocupação da reitoria da USP nesta nova fase do movimento estudantil iniciada em 2007: a de que as novas gerações de idealistas assumirão a missão e darão o melhor de si para a cumprir.

Como nós fizemos, nos tempos sombrios de 1964/85 e nestes tempos exasperantes de redemocratização sob total controle da burguesia.

A luta continua.

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